Meu avô,em seus últimos momentos,o enfermeiro e eu

  


Título: Meu avô,em seus últimos momentos,o enfermeiro e eu
Trilha Sonora sugerida : Cats in the Craddle,Llorona,Magick by the Klaxons , Sociedade Alternativa,Qualquer uma de Iggy Pop,Billy Idol ,David Bowie, My Way de Frank Sinatra,It´s My Life de Bon Jovie,qualquer musica de musical de Broadway .Se tiver outra idéia por favor me consultar.
Personagens: Joana,Vô Joãozinho e Enfermeiro
Cenário: Quarto do avô,Barzinho intelectual e  Boate Alternativa .
Idéias : Pode ser filme,musical,samba enredo,peça de teatro ou curta. Qualquer coisa é só me consultar
                               


                                                Historia


                              Os mexicanos sempre falam na “Llorona”, a chorona, que um dia levará suas almas.No dia de finados eles visitam as tumbas de seus seres queridos levando o alimento que eles mais gostavam.Acendem uma fogueira queimam os alimentos e esperam que a fumaça vá até aqueles, que mesmo ausentes, amamos tanto.
                                 
                                  Era julho de 2006 quando minha mãe falou que meu avô paterno, uma pessoa ausente, estava em coma.No começo nem liguei muito, tinha acabado de voltar de uma viagem com amigas à Salvador, mais depois de receber uma ligação da minha avó em prantos decidi ir.Passamos uma semana de vigília, até que um dia ele se levantou e voltou para o seu apartamento.
                              
                                 Lembro-me muito bem da primeira visita.Estavam juntos ele e seu enfermeiro particular.O enfermeiro era um uma pessoa mais ou menos da minha idade, era alto, forte e sorridente.Na cama, deitado, estava meu avô.Com um pacote de um de seus alimentos prediletos, tareco de massa!
                                 
                                Sentei-me na cadeirinha que tinha ao lado de sua cama e decidi escuta-lo.


Vô Joãozinho: Meu avô se vestia todo de preto, com um boné na cabeça, em um quartinho, onde ele atendia as pessoas. As pessoas vinham a ele pra pedir ajuda.E ele as ajudava, por amor e boa vontade, sem cobrar nada.Ele conhecia as propiedades mágicas das plantas.Conhecimento guardado na nossa família por gerações.Ele misturava as ervas com água e fazia os remédios.Ele também era rezador.Podia chegar lá alguém com qualquer doença que era curado! Ele era muito querido em Terra Vermelha e Caruaru.Eu perguntava á minha querida mãezinha se ele era algum tipo de mago ou bruxo.Quando vi o filme “Fantasia”, de Walt Disney, me lembrei muito dele.

                        Ele repetia esta história várias vezes. E cada vez que ele me falava achava aquela historia cada vez mais fascinante! Cada vez que ele acabava a historia eu e o enfermeiro abríamos a boca e dizíamos em coro: - “UAU!”
                      
   Vô Joãozinho: Aqueles dias em coma, puta que pariu! Com aquele tubo na minha boca! Aquela porra ia direto ao meu estomago!Chega me lembrava daquele filme de sacanagem, ”Garganta Profunda”.Fiquei pensando, coitada daquela menina que fez aquele filme!!!

Joana: Depois de fazer o filme ela ficou tão traumatizada que virou freira.

Vô Joãozinho: Minha netinha saiba que depois daquela experiência, estou já virando freira também!

Enfermeiro: O nome da atriz é Linda Lovelace.Hoje em dia, “Garganta Profunda”, virou filme de criança comparando com as coisas que a pornografia esta fazendo hoje!

Vô Joãozinho: Menino! Vá à locadora e traga logo uns cinco para agente ver! Estes filmes de putaria de hoje devem ser um paraíso!Mais, não na presença da nobre mocinha aqui presente.


Estava comigo o álbum de fotos que foram tiradas durante a minha viagem de Salvador, cidade onde meu avô viveu em sua mocidade.Peguei o álbum e comecei a mostrá-las á meu avô e seu enfermeiro.

Vô Joãozinho: Foi nesta cidade que eu participei de um plano ultra-secreto com os americanos.Ta vendo esta mancha aqui no meu braço? É gás mostarda.Foi uma das primeiras vezes que ele foi testado.O resto eu não posso falar, pois ficou entre eu, e a marinha americana.

O dia passou, chegou a noite, dei um abraço bem forte no meu avô e um aperto de mão em seu enfermeiro e voltei para casa.Sentindo-me a pessoa mais sortuda do mundo.

Vô Joãozinho: Ô menino!

Enfermeiro: Sim, seu João.

Vô  Joãozinho: Minha neta já saiu?

Enfermeiro: Já faz meia hora.

Vô Joãozinho: A “SMS” ainda está aberta?

Enfermeiro: Está sim, senhor.

Vô Joãozinho: Então me tira desta cama maldita.Põe-me na cadeira de rodas e vamos pegar aqueles filmes que você me falou!


Enfermeiro: É pra já!

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